27 Passadas estas coisas, saindo, viu um publicano, chamado Levi, assentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me! 28 Ele se levantou e, deixando tudo, o seguiu.
29 Então, lhe ofereceu Levi um grande banquete em sua casa; e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa. 30 Os fariseus e seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?
31 Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
32 Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.
Lucas 5:27-32
O material humano é vital para o sucesso de um empreendimento.
Uma empresa pode ter máquinas, tecnologia, computadores, mas se não tiver homens criativos, inteligentes, motivados, que tenham visão global, que previnam erros, que saibam trabalhar em equipe e pensem a longo prazo, poderá sucumbir.
Se houvesse uma equipe de psicólogos, especialistas em avaliação da personalidade e do desempenho intelectual, auxiliando Jesus na escolha dos seus discípulos, será que seus jovens seguidores seriam aprovados? Creio que não. Nenhum deles preencheria os requisitos básicos.
É provável que a equipe de psicólogos recomendasse para seus discípulos jovens da casta dos escribas e fariseus. Eles possuíam cultura, eram bem comportados, éticos, gozavam de reputação social. Alguns eram versados não apenas em língua hebraica, mas também no latim e no grego.
Conheciam as Antigas Escrituras e guardavam as tradições do seu povo.
O mestre dos mestres, contrariando toda a lógica, escolheu conscientemente jovens indisciplinados, incultos, rudes, agressivos, ansiosos, intolerantes.
Os discípulos correram riscos ao segui-lo e ele correu riscos maiores ainda ao escolhê-los.
Nunca alguém escolheu pessoas tão complicadas e despreparadas para ensinar.
Ele preferiu começar do zero, trabalhar com jovens completamente desqualificados a ensinar jovens já contaminados pelo sistema, saturados de vícios e preconceitos. Preferiu a pedra bruta à mal lapidada.
Mateus não preenche o currículo
Mateus era um destes que não preenchia nenhuma das qualidades exigidas em um currículo.
Ele era publicano. E um publicano era um cobrador de impostos; Eles eram odiados pela nação de Isael pois eles eram empregados judeus á serviço de Roma para cobrar impostos do povo nas estradas e portos da nação.
Pense como eles eram odiados: Estavam trabahando para Roma, a nação que os havia subjulgado, e ainda cobrando impostos abusivos.
Mateus provávelmente não tinha conseguido grandes coisas da vida, pois só um Judeu que não coseguisse outro emprego acabava virando publicano. Além de tudo Mateus poderia ser um ganancioso, já que muitos dos publicanos extroquiam suas vítimas.
É esse homem que Jesus agora chama para seguí-lo, para se tornar íntimo dele, para ser um discípulo!
O que podemos aprender com o chamado de Mateus?
O que Jesus quer nos ensinar hoje?
O QUE É SER UM DISCÍPULO?
Jesus é um rabino judeu, com discípulos judeus, vivendo em um mundo judeu do primeiro século. E os judeus daquela época criam que Deus havia falado com Moisés e havia lhe dado os cinco primeiros livros da Bíblia, os quais eles chamavam de Torá. Torá significa: ensino, instruções, ou simplesmente o caminho! O torá era a base das suas vida, a base do seu sistema educacional.
A maioria das crianças judias entrava na escola com seis anos para aprender o Torá. Eles se reuniam na sinagoga local e eram ensinados por um rabino local sobre o torá.
Beit sefer
Esse primeiro nível de educação se chamava “beit sefer” e ia até a criança completar 10 anos. No “beit sefer” as crianças memorizavam o Torá aos dez anos cada palavra do torá estava gravada em seu coração. (Gênesis, êxodo, levítico, números e deuteronômio)
Ao término dessa primeira fase, por volta dos dez anos, a maioria das crianças já saíra da escola, eles eram aprendizes, aprendiam sobre os negócios da família ou o ofício da família ou então a cuidar da casa.
Beit Talmud
Mas os melhores dos melhores continuavam estudando, a educação deles prosseguia ao próximo nível que era chamado de “beit talmud”.
Nessa fase, os melhores que continuavam, que demonstravam aptidão natural decoravam o resto das escrituras sagradas. De Gênesis a Malaquias, tudo memorizado.
Ao final do “beit talmude” essa segunda fase, entre 14 ou 15 anos, a maioria dos jovens já estava ajudando em casa, lidando com os negócios de seus pais;
Beit Midrash
Mas os melhores, dos melhores, dos melhores prosseguiam para o próximo nível de educação chamado de “beit midrash”, aqui eles iam até um rabino e pediam a esse rabino para se tornarem um de seus discípulos.
Mas ser um discípulo não é só ser um aluno, ou querer saber o que o rabino sabe, um discípulo quer ser como o rabino e quer aprender a fazer o que o rabino faz.
Mas os rabinos daquela época diferiam entre si sobre a interpretação de determinados textos da bíblia, ou seja os rabinos tinham posições diferentes sobre como interpretar e viver as escrituras. Essa gama de conceitos diferentes criou algo que chamavam de a “essência do rabino”, que era o seu modo de ver e entender.
Então, quando um discípulo procurava um rabino ele queria aprender a “essência”, aprender o conhecimento á maneira daquele rabino e então tornar-se como ele.
Teste para discípulo
Quando você dizia: “Rabino que ser seu discípulo” ele o testaria com diversas perguntas sobre o torá, a lei, tradições orais, etc. O rabino queria saber: Ele pode sentar-se á minha frente? Ele está á minha altura? Ele pode fazer o que eu faço? Ele tem o que é preciso?
Se o rabino visse que o rapaz amava a Deus, sabia o torá, mas não era o melhor, do melhor, do melhores, ele diria a rapaz: “Você é bom, mas não e bom o suficiente para ser meu discípulo. Vá cuidar dos negócios da sua família”...
Mas, se o rabino achasse que o menino era bom, tinha as qualidades necessárias, ele diria: Venha, siga-me!
E aquele jovem de 14 ou 15 anos, deixaria a família, os amigos, a sinagoga o vilarejo e devotaria a sua vida inteira a ser como aquele rabino, a agir como aquele rabino.
Isso é o que significa ser um discípulo!!
Jesus, o Rabino
Então um rabino poderoso chega na cidade, com seu pequeno grupo de discípulos fazendo de tudo para acompanhá-lo, pois devotaram a sua vida a fazer como o rabino faz.
Se você segue o seu rabino, por estradas sujas, empoeiradas a poeira dele acaba por grudar na parte da frente da sua roupa, então surgiu esse ditado entre os homens sábios da época: “Que você fique coberto pela poeira do seu rabino”
Jesus está passando pela cidade e vê um homem, cobrador de impostos e diz a ele: “Venha, siga-me”.
Ora se ele é publicano e Jesus o chama a ser seu discípulo, então ele não seguirá nenhum outro rabino, e se ele não está seguindo nenhum outro, então ele não é o melhor dos melhores. Ele (mateus) não tinha passado no teste...
O texto continua dizendo que ele deixou tudo e imediatamente o seguiu. E isso eu sempre achei meio estranho. Como assim: Deixaram tudo e foram?
Os filmes cristãos também não nos ajudam a entender, pois Jesus sempre aparece com um roupão branco no meio da praia com um faixa de concurso de beleza azul clara atravessada, o cabelo está penteado, “ele parece sueco”. Chama seus discípulos e eles reagem como robôs, eles simplesmente concordam e seguem.
Mas se você colocar isso no seu contexto original tudo faz sentido. Os rabinos eram os mais honrados, respeitados, reverenciados de todos, apenas os melhores, dos melhores, dos melhores chegavam a ser rabinos. E esse rabino chega na sua tenda de cobrança de imposto e diz: Você, venha me seguir””
O que ele quer dizer, o que ele realmente quer dizer é: “Você pode fazer o que eu faço!”
Ele esta dizendo: “Você pode ser como eu sou”
Claro que você largaria tudo e o seguiria!!
Tiago e João
A Bíblia diz em outro texto que ele encontra Tiago e João, filhos de Zebedeu, pescando com seu Pai. E se eles estavam pescando com o Pai eles estavam aprendendo o ofício da família. E se Jesus os quer como discípulos, significa que eles também não tinham passado no teste, também não eram bons o bastante.
E qual era a idade deles 15, 16, 20 anos, eles eram homens Jovens. Jesus os escolhe porque seu movimento é para todos, homens, mulheres, jovens, anciãos, ricos, pobres, educados, não educados. Aqueles que não eram bons o bastante são chamados por Jesus para mudar a história da humanidade.
Barco e Tempestade
Em um texto da Bíblia há um barco cheio de “Zé-niguéns” em uma tempestade e de repente no meio dela vem caminhando sobre as águas Jesus, e Pedro ao ver isso deseja caminhar também.
Por que? Porque ele queria fazer o que o rabino fazia, E ele desce do barco e anda sobre as águas, mas começa a afundar e ele grita: Jesus me ajude! Jesus o pega pela mão e diz: “Homem de pequena fé, porque duvidaste”?
Pedro duvidou de quê? De Jesus? Mas Jesus não está afundando.... Então do que Pedro duvida?: Ele duvida de si mesmo!! Ele perde a fé em si mesmo de que pode ser como o rabino.
Mas, Jesus não o teria chamado se não acreditasse nele! Jesus os lembra disso:“Vocês não me escolheram eu escolhi a vós!” (João 15:16) Jesus não os escolheria se não pensasse que eles poderiam fazer o que ele fazia, ser como ele era.
Nós ouvimos muito falar sobre crer em Deus, mas hoje eu quero dizer: Deus acredita em você! Ele tem fé em nós, afinal ele deixou tudo na mão dos discípulos! E qual é a última coisa que ele diz a eles: Agora vão e façam mais DISCÍPULOS!! Ele deixa tudo na mão dos “Zé-ninguéns” e eles conseguem!!!
Nós somos o tipo de pessoas que Deus pretendia. Ele acredita que podemos viver como Jesus vivia ter a consciência que ele tinha. Afinal de contas Jesus acredita que você pode segui-lo e pode ser como ele. Ele acredita nisso!
Que você ceia em Deus, mas que você possa ver que ele crê em você...
Que você tenha fé em Jesus, mas que você possa ver que ele tem fé em você.
Que você fique coberto pela poeira do seu rabino: Jesus!
Ser um discípulo é:
Ser aprovado, quando todos já me reprovaram...
É saber do valor que eu tenho para Deus...
Ser um discípulo é deixar tudo, pois aquele que pode tudo está me chamando para segui-lo...
Ser um discípulo é ter a identidade transformada, pois ao invés de ser conhecido como: fracassado, frustrado, deprimido, divorciado, pobre, etc... serei conhecido como DISCÍPULO DE JESUS!
Pr. Christian Doerzbacher